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Cirurgia plástica: saiba financiar ou fazer consórcio para pagar
Fonte: EstadãoSociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e Procon alertam quais cuidados devem ser tomados para não ter nenhum problema de saúde ou financeiro
O Brasil se tornou uma potência de intervenções estéticas nos últimos anos, inclusive superou os Estados Unidos em número de procedimentos em 2013. O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Prado Neto, acredita que mais opções para o pagamento das cirurgias é um dos motivos que justificam o crescimento, mas também teme a banalização dos procedimentos e precarização do setor. O parcelamento ou, até mesmo, financiamento são possibilidades que clínicas e médicos oferecem para os pacientes. Os bancos também estão de olho neste filão e têm linhas de crédito e consórcios que podem ser usados a favor da beleza.
O financiamento foi a maneira que a auxiliar de escritório, Taís Caroline Bertolini, 20 anos, encontrou para resolver uma questão que já a incomodava há alguns anos. Ela fez um empréstimo consignado com a Caixa Econômica de R$ 9 mil, pago em 18 vezes, para colocar próteses de silicone de 250 ml. Taís pagou à vista o cirurgião plástico e os outros valores como a internação. “Para mim valeu bastante a pena. Eu podia esperar, mas preferi fazer o financiamento, eu estava com pressa, estava no momento de fazer a cirurgia”, conta a jovem que passou do busto 38 para o 42.
A modalidade de crédito da Caixa que pode ser usada para pagamento de cirurgias é o empréstimo consignado. A taxa de juros mínima dessa linha é 1,13% ao mês e varia de acordo com a quantidade de prestações que são descontadas na folha de pagamento.
O Bradesco oferece o CDC Cirurgia Plástica, que permite o financiamento de 70% do valor da cirurgia plástica em até 48 vezes, com parcelas a partir de R$20. É necessário apresentar o orçamento da clínica para liberação do crédito.
O diretor de empréstimos e financiamentos do Banco Brasil, Edmar Casalatina, acredita que para esse fim a melhor opção para os correntistas da instituição é o BB Crediário.”A facilidade para contratação é grande. Quando o cliente usa o cartão de crédito Ourocard, das bandeiras Visa ou Elo, basta escolher a opção crediário.” A linha de crédito pré-aprovada disponibiliza de R$ 70 a R$ 10 mil para pagamento em até 48 meses, com taxas de juros que variam de 3,27 a 3,31% ao mês. Casalatina explica que o banco avalia individualmente casos em que o cliente precisa de um valor maior que R$ 10 mil.
O BB também oferece consórcio para o setor de serviços em que o participante pode retirar de R$ 1.500 a R$ 15.000 em planos de até 30 meses e taxa de administração a partir de 0,6110% ao mês. Em 2014, mais de meio milhão de reais foi destinado a cartas do BB Consórcio de Serviços para pagamento de procedimentos médicos hospitalares (incluindo cirurgias plásticas); um crescimento de 225% comparado ao ano anterior.
Na internet, clínicas procuram ter canais para esclarecer dúvidas sobre os procedimentos e forma de pagamentos. A Master Health tem a opção ‘Preços e Financiamentos’ em seu site. A Plástica do Sonho informa que é possível parcelar a cirurgia plástica. A Pró-Corpo anuncia no Google a possibilidade de pagamento em 24 vezes. A reportagem entrou em contato com as três instituições, no entanto ambas informaram que não poderiam dar entrevistas sobre o tema.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Prado Neto, explica que se o paciente quiser parcelar a cirurgia, o médico tem o direito de fazer o parcelamento, mas uma resolução de 2008 do Conselho Federal de Medicina (CFM) veta qualquer intermediação entre o médico e o paciente. “Lamentavelmente, cada vez mais nós estamos vendo proliferar financiamentos com intermediários, que são empresas que se interpõe entre o cirurgião plástico e o paciente visando o lucro. Isso fere o nosso código de ética e ontologia médica.” A mesma regra vale para os consórcios que não podem indicar médicos para os contemplados.
Para o cirurgião plástico Gustavo Merheb é comum o médico adequar a forma de pagamento às condições financeiras do paciente e até fazer parcelamento sem juros, mas ressalta que as intervenções cirúrgicas não podem ser tratadas como a aquisição de um bem. “A relação médico-paciente precisa ser preservada, ela é a base da medicina. O CFM é contra as intermediadoras que nem têm um médico como responsável”, diz Merheb.
Como escolher um cirurgião plástico, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica
• O médico tem que estar apto para avaliar a necessidade da intervenção cirúrgica e informar ao paciente sobre os resultados reais que a cirurgia pode oferecer;
• O cirurgião também deve avaliar as condições físicas do paciente por meio de exames laboratoriais, de imagem e outras técnicas;
• O cirurgião deve ter título de especialista em cirurgia plástica concedido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. É possível consultar pelo site se o médico cumpre esse requisito;
• A cirurgia plástica deve ocorrer em um hospital com centro cirúrgico aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Recomendações do Procon sobre financiamento e consórcios de cirurgia plástica
O Procon não tem recebido reclamações sobre esses itens, no entanto reforça a recomendação do CFM e da SBCP: o primeiro passo deve ser a escolha do médico e depois a negociação financeira. “O mais importante é escolher o profissional, pois algumas empresas que não oferecem um serviço de qualidade podem usar as facilidades de pagamento para atrair as pessoas. Essa decisão não pode acontecer por impulso, é importante, inclusive, ter uma segunda opinião médica ”, afirma a supervisora de assuntos financeiros do Procon, Renata Reis.
Ter indicação de amigos ou conhecidos, verificar o registro médico do profissional, apurar se existe algum processo administrativo ou reclamação são outros cuidados importantes, segundo a supervisora.
Sobre financiamentos e consórcios, Reis indica pesquisar em várias instituições diferentes e comparar com atenção o valor e a quantidade de parcelas. Ela explica que o Banco Central determina que todas as instituições financeiras são obrigadas a informar o custo efetivo total da operação de crédito, esse valor engloba todas as taxas de juros e impostos. “Se o ‘Banco A’ oferece um empréstimo de R$ 20 mil para pagamento em dez vezes com custo efetivo de 1,5% e no ‘Banco B’ esse índice é de 1,3%, opte pelo ‘Banco B’”.
Nestes casos, o banco também não pode obrigar o cliente a aceitar nenhuma vinculação com outro produto adicional, como um seguro, pois isso configura venda casada.
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