Crise leva UPAs a suspenderem atendimento de pediatria
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Crise leva UPAs a suspenderem atendimento de pediatria


BAIXADA FLUMINENSE / RIO - A crise financeira do estado fez a Secretaria de Saúde adotar um plano de contingenciamento: para driblar a falta de insumos e médicos, o órgão vem, diariamente, restringindo o número de consultas em algumas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Ontem, dez UPAs, localizadas na Zona Oeste e na Baixada Fluminense, deixaram de oferecer serviços de clínica geral e pediatria. Apenas casos considerados graves eram atendidos.

A cada dia, a secretaria elabora uma lista de unidades com suspensão no atendimento ou limitação de consultas. Ontem, as UPAs Campo Grande 1, Campo Grande 2, Santa Cruz, Nova Iguaçu 1, Nova Iguaçu 2, Queimados, Mesquita e Magé estavam com restrições para serviços de clínica geral e pediatria. E, de acordo com o estado, as UPAs Duque de Caxias 1 e Duque de Caxias 2 reduziram o número de consultas para crianças e adolescentes.

O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio (Sindimed-RJ), Jorge Darze, criticou o plano de contingenciamento do estado e afirmou que, quando chegam aos seus locais de trabalho, profissionais de algumas UPAs estão sendo mandados de volta pra casa pelas Organizações Sociais (OS) contratadas para administrá-las. Segundo ele, há organizações que não cumpriram a determinação judicial de pagar os salário atrasados de seus funcionários até o último dia 24.

— Alguns médicos me disseram que, quando chegaram para trabalhar, foram mandados de volta para casa. Provavelmente, uma OS faz isso para não pagar o plantão ou evitar que seus médicos prestem atendimento à população sem os insumos necessários — afirmou Darze.

Para o presidente do sindicato, o estado não tem capacidade para enfrentar a crise financeira e obriga a população a sofrer as consequências:

— Não existe plano de contingenciamento algum, o que está funcionando é a lógica do cobertor curto. Descobre-se um lado para cobrir outro. Ou seja, se faltam médicos numa unidade, sobrecarregam outra. E isso muda todo dia, não tem um plano claro para que a população saiba onde vai encontrar atendimento para cada tipo de necessidade.

Ainda segundo Darze, os problemas nas UPAs não se restringem à falta de pessoal ou de insumos.

– Falta tudo, inclusive estrutura. Hoje mesmo (ontem), um médico da UPA da Tijuca me procurou para dizer que, em pleno verão carioca, o ar-condicionado da sala de atendimento não está funcionando. O médico me perguntou o que fazer, e respondi que ele deveria atender pacientes no meio da rua, para chamar a atenção do poder público.

Nesta terça-feira, o prefeito Eduardo Paes foi questionado sobre a possibilidade de o município assumir a gestão das UPAs do estado que funcionam na cidade. Ele destacou que não tem ideia do custo dessa operação e que não há qualquer previsão para uma eventual transferência de gestão.

— Tenho recursos para pagar as minhas contas. O governo estadual tem de assumir sua responsabilidade e se organizar — disse Paes.

O “RJ TV”, da Rede Globo, informou nesta terça-feira que os problemas financeiros do estado também atingem o Instituto Médico-Legal. De acordo com o telejornal, geladeiras de alguns necrotérios não estão funcionando e peritos se queixam de salários atrasados.


via: O Globo
04/01/2015




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