Primeiro a desfilar, o ‘Carnapelô’ surgiu em 1996, a partir de reuniões de amigos. O Mangue, que surgiu no bairro de Cajazeiras, homenageou o lendário sambista Walmir Lima. Para Rogério Lima, responsável pelo bloco e pelo grupo que puxa a entidade Bambeia, o nome parte de um estilo de vida, no qual os músicos produzem a partir da célula rítmica do samba de roda.
“Nós tentamos resgatar a matriz africana na musicalidade, por meio da nossa referência ao Candomblé e Umbanda”, explicou o músico, que cantou canções em yorubá durante o trajeto do desfile. Os blocos de afoxés também animaram o circuito. O ‘Laroyê Arriba’ levou este ano para o circuito Batatinha muito ijexá e samba de roda, com a banda Laroyê, com o tema é ‘O ogó, a ferramenta de Exu’, que representa o falo e principal símbolo do Orixá. O Afoxé Filhos de Korin-Efan reuniu cerca de 500 pessoas e homenageou a rainha das águas doces, Oxum. Mas o destaque da entidade é o seu retorno à avenida, após um ano afastado, por conta do falecimento do fundador, Mestre Erenilton.
Os afoxés também foram ao circuito da Barra, como a ‘Afoxé Filhas de Gandhy’, que celebra 36 carnavais como primeiro afoxé feminino do Brasil. Desfilou com o tema ‘A Índia de Gandhy sob o olhar da Bahia?’, sob o comando da cantora Savannah Lima e a banda 70Samba. Eles comandaram as foliãs vestidas com o tradicional branco e azul, seguindo o exemplo dos Filhos de Gandhy e seus dez mil homens, que, na segunda-feira desfilam no circuito Dodô.
Além desses, o Muzenza do Reggae e o Malê Debalê também levaram seus respectivos gingados e tambores para perto da praia, no penúltimo dia de folia. ‘Outros blocos afro precisam desfilar na Barra para mostrar que podemos estar em todos os locais’, disse Suanni Consuelo, que foi atrás dos blocos na Barra.
Juventude marca presença na Avenida Nascido e criado no bairro do Beirú, o bloco afro Mundo Negro, levou seu som percussivo afro cheio de swing para o circuito Osmar. O bloco que trabalha com a juventude negra do bairro celebrou 30 carnavais e a adesão da comunidade no desfile. Para o diretor da entidade Roberto dos Santos, é necessário encontrar forma de realizar outros momentos como estes durante o ano e fala do trabalho que desenvolvem.
“Damos aula de percussão, música, dança e cursos profissionalizantes, ou seja, tiramos vários adolescentes da situação de risco do mundo das drogas. Além disso, distribuímos fantasias para os moradores, porque a comunidade da periferia não tem condições de pagar?”, afirmou o diretor. A estudante e foliã Lidiane Novais saiu pela primeira vez no bloco. “Faço dança afro há bastante tempo, mas algumas pessoas ainda associam a algo ligado a religião, o que não é. Como tenho amor pela dança, saio no Carnaval sempre em blocos afros”.
Outro bloco que está ganhando a juventude é o Bola Cheia. Pela primeira vez no Carnaval, a estudante Taiana Cardeal, 20 anos, foi curtir a festa no bloco, que se mantém na folia há quase uma década. Acompanhada de outros de jovens, ela prometeu se esbaldar ao som da banda Tamburê, que levou à avenida muito samba, pagode e arrocha.
A estudante Renata Lima, 20, disse que prefere acompanhar a passagem dos blocos na avenida. “A música, as fantasias, as danças, o som, tudo isso me chama atenção. Então, venho sempre assistir a passagem deles, que sempre apresentam temas diferentes a cada ano”. A programação completa do Carnaval da Cultura está disponível nos sites da Seculta www.cultura.ba.gov.br e e do Carnaval www.carnaval.bahia.com.br.
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