Patrícia Dichtchekenian
Pesquisadores alertam que má repartição de riquezas é um dos motivos para extermínio da população das próximas décadas.
Um estudo feito pelo centro de pesquisas espaciais da NASA, o Goddard Space Flight, explica que as civilizações tais como conhecemos hoje poderiam desaparecer nas próximas décadas em virtude da má gestão de recursos naturais e de uma má repartição das riquezas, isto é, do alto índice de desigualdade econômica mundial.
Publicado no jornal científico norte-americano Elsevier Ecological Economics, o artigo evidencia uma série de fatores que contribuem para o extermínio da civilização, como a falta de água e de energia por exemplo. Segundo os pesquisadores, há uma necessidade urgente de "reduzir as desigualdades econômicas a fim de garantir uma distribuição mais justa dos recursos, se apoiando sob fontes renováveis menos agressivas e diminuindo o crescimento populacional".
Liderado pelo matemático Safa Motescharri, o estudo também combina dados históricos que mostram que o desaparecimento das civilizações é um fenômeno recorrente e aconteceu principalmente por causa da "cegueira das elites", que se julgaram protegidas em vez de reformar seu sistema de convivência. Os impérios Romano e da Mesopotâmia são dois "novos" exemplos que desapareceram, aponta.
Segundo a pesquisa, a estratificação econômica entre ricos e pobres desempenha um papel central no processo de colapso. "Em geral, a estratificação social de rico-pobre leva ao consumo excessivo de alguns, enquanto outros acabam sendo condenados a tentar sobreviver", diz o artigo. Além disso, as mudanças tecnológicas não melhorariam essa situação – pelo contrário. "Elas aumentam a eficiência dos recursos, mas também o elevam o consumo excessivo".
Nesse panorama, os cientistas preveem dois cenários possíveis para o homem do século 21: o primeiro seria a redução das populações mais pobres pela fome. Nesse caso, a destruição de nosso mundo não aconteceria por questões climáticas. Já o segundo cenário remonta a questão do consumo excessivo de recursos naturais que, a princípio, vai resultar no fim das populações pobres, mas que, com o passar dos tempos, chegará às camadas mais abastadas.
Opera Mundi