O apóstolo Paulo não tem dúvida: Pois estou convencido de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem demônios, nem o presente, nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor Deus que está em Cristo Jesus (Rm 8:39-40).
A certeza final garantida de que nada será capaz de me separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus é sempre motivo de alegria e celebração para cristãos de modo geral e para mim em particular. Lendo o contexto, porém, sou levado a compreendê-la não apenas como uma promessa solta; mas indicando o resultado de uma vida de entrega e engajamento completo.
Já pouco antes, citando o Sl 44:22, Paulo apresenta a vida cristã neste modelo (volte um pouco a Rm 8:36). E o que mais chama a atenção é a expressão: enfrentamos a morte. Antes da garantia da vitória há a necessidade da batalha. Examine comigo melhor.
Tudo começa com a motivação: por amor. A vida cristã começa com a certeza que tudo o que faço deve ser motivado pelo amor de Cristo que me constrange (veja ainda 2Co 5:14). O próprio Jesus já havia dito que por amor dele era preciso deixar pai e mãe (Lc 14:26), o que deveria implicar em tomar cada dia sua cruz (Mt 16:24). É fácil entender que se faz necessário uma disposição a morrer pelo amor de Cristo para que se viva a partir dele.
E o Salmo citado pelo apóstolo vai além: fui considerado como ovelha para o matadouro. Ora, uma ovelha só vai ao matadouro quando é destinada à morte. E mais, ela faz isso em silêncio. Ou seja, como cristão que sou, o meu destino natural é morrer pelo evangelho que abracei, é assumir a minha cruz e me dispor a morrer. Este precisa ser o meu modo de ser e de viver e Paulo sabia exatamente todas as implicações desta vida quando afirmou que foi crucificado com Cristo (confira Gl 2:20).
Agora voltemos à garantia da vitória. Quem quiser ser mais que vencedor (bonito e saboroso em Rm 8:37!) tem que estar disposto a se entregar todo dia à morte, voluntariamente e por amor. E a glória será do nosso Senhor