O suprimento sanguíneo inteiro de Maisy foi absorvido pelo corpo de sua mãe, Emma Vignes, durante a gravidez, mas a menina acabou sobrevivendo mesmo assim. Os médicos ficaram chocados com o ocorrido e temeram que a garota, que nasceu seis semanas antes do que devia, acabaria sofrendo danos cerebrais por conta da privação de oxigênio dentro do útero.
A criança recebeu três transfusões sanguíneas nas duas semanas após seu nascimento, em dezembro de 2009, e atingiu todos os marcos de desenvolvimento necessários para sua liberação do hospital. Hoje, com quase cinco anos de idade, a garota impressiona seus professores na escola, demonstrando uma inteligência acima da média.
Caso inédito
A senhora Vignes, que costumava trabalhar como recepcionista de hotel, afirmou que a situação era completamente inacreditável e que nenhum dos seus atendentes já tinha ouvido falar de algo parecido.
“Havia casos anteriores de crianças que nasceram com pequenas quantidades de sangue, mas Maisy tinha um nível de hemoglobinas completamente zerado. Existiam histórias de pessoas que sobreviveram até com o nível quatro de hemoglobina, mas qualquer humano resiste depois de ficar completamente sem sangue é algo que nunca tinha sido visto”, ressalta.
Segundo a mãe, a gravidez prosseguiu sem problemas até as 34ª semana, quando ela sentiu inchaços preocupantes e sua filha parou de se mexer. “Eu fiz uma consulta no hospital no dia seguinte e, antes que eu entendesse, os funcionários estavam me falando que eu precisava fazer uma cesariana de emergência. Fui levada para a sala de operação antes de ter a chance de contar para qualquer pessoa”, conta.
Momentos de tensão
Maisy foi levada para a unidade de tratamento intensivo logo após seu nascimento e Emma nem teve a chance de ver sua filha antes que ela fosse para lá. “As enfermeiras ficavam me visitando às pressas para me manter atualizada, mas todas pareciam entristecidas e com rostos sérios. Foi muito confuso e assustador”, disse a mãe.
Quando ela nasceu, a única substância no sistema circulatório de Maisy era o plasma sanguíneo, sem hemoglobinas – os glóbulos vermelhos que carregam o oxigênio. Os médicos tentaram encontrar uma veia para retirar uma amostra do material, mas não conseguiram extrair nada. A primeira transfusão da garotinha foi feita por meio de seu cordão umbilical.
O primeiro parente a conseguir ver a menina foi seu pai, Mook Vignes, que afirmou que ela era anormalmente pálida. Quando a mãe finalmente conseguiu ver sua filha pela primeira vez, o aparato respiratório da criança já havia sido removido, mas ela ainda estava sendo alimentada por meio de tubos. “Ela estava envolvidas por cabos, mas parecia mais forte do que eu esperava. Mas não pude amamentá-la naturalmente”, pontua Emma.
Alívio e alegria
A garota ainda recebeu duas transfusões de sangue e uma de plaquetas nas semanas seguintes e foi liberada para ir para casa no dia do Natal. “Foi o melhor presente que poderíamos imaginar”, disse a mãe. Ainda assim, houve um período tenso posterior, durante o qual os pais ficaram procurando sinais de sequelas.
“Fomos avisados de que a Maisy poderia ter sofrido danos cerebrais pela falta de oxigênio. O grande marco era vermos se ela iria começar a falar antes de completar 18 meses. Se isso acontecesse, seria um bom sinal de que o cérebro dela estava se desenvolvendo corretamente. Quando ela falou sua primeira palavra – ‘dadda’ –, aos 15 meses, foi um momento muito emocionante”, contou a mãe.
A senhora Vignes deu a luz ao segundo filho do casal há cerca de quatro meses, um menino chamado Ellis. Embora eles temessem que o caso voltasse a acontecer, nada de anormal ocorreu durante a gestação e o parto. Até hoje, ninguém sabe ao certo nem o que fez com que o sangue de Maisy deixasse o seu corpo e fosse para o da mãe, e nem como a garotinha sobreviveu, mas é sempre um alívio quando um milagre acontece e todos saem felizes, não?
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