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Pacientes reclamam da situação precária do Hospital da Posse em Nova Iguaçu
NOVA IGUAÇU - Pacientes reclamam da situação do Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, um dos maiores da Baixada Fluminense. Eles destacam a falta de médicos e de uma previsão para as cirurgias. Com isso, eles vão ficando no hospital sem saber o que vai acontecer no dia seguinte. Quem chega, é internado em macas, nos corredores. E aí falta espaço e limpeza.
Para quem não conhece, a pastora Vilma Silva apresenta o hospital: “Lotado, muita gente, atendimento em pé, soro na mão, braço todo enfaixado. Gente encostada pelas paredes, nesse estado, chão imundo, banheiro com cheiro horrível e os enfermeiros não sabem o que fazer”.
“Ontem (domingo, 9) meu vizinho chegou aqui com as pernas quebradas, entrou rápido. Mas está desde ontem sentado numa cadeira. Gente, isso é o fim da picada”, reclama a operadora de marketing Flávia Regina da Silva Lima.
As imagens foram feitas com uma câmera escondida. Olhando, parece até um quarto, pela quantidade de leitos. Mas é o corredor do hospital. Várias pessoas atendidas num espaço improvisado.
Um senhor chegou mais perto da sala de trauma. Mas ainda do lado de fora. Falta espaço, faltam medicamentos. O paciente que perdeu a visão do olho direito diz que é a família que compra o remédio.
“É a minha mãe que compra. Minha mãe, minha irmã. Um deles custou R$ 23. Compramos esses, entendeu?” diz o paciente.
Ele contou também que sofre de um problema na coluna e que teria que usar um colete. Mas o hospital não forneceu e ele acabou usando uma cinta doada pela família de outro paciente.
“A gente foi fazer uma pesquisa do colete. Está muito caro. R$ 300. Aí, o amigo aqui de leito aqui falou deixa que minha mãe tem. Vou doar esse colete, que nem é colete, é uma cinta “, explica o paciente.
Na falta de equipamentos básicos, muitas pessoas têm que improvisar. Uma mulher ajudava a segurar o soro do paciente. Outra senhora arrumou uma cama no chão, de papelão mesmo, para ficar como acompanhante do filho.
Falta estrutura e sobra sujeira. Nos corredores, tem papel pelo chão, curativos. Mas é o banheiro que mais assusta: tem sangue no chão e barata morta.
“A limpeza aqui é precária. Não é todo dia que tem limpeza”, reclama uma mulher.
Quem depende do hospital também reclama da demora no atendimento.
“Minha avó veio para cá desde sexta-feira. Ela está numa maca com colchão fino, passando dificuldade. Não vai uma enfermeira ver, não vai um hospital. Hoje não teve médico, ontem não teve médico”, contou a motorista Ana Paula Jardim.
Há quem espere semanas, como destaca o motorista Albert do Nascimento.
“Meu pai está precisando de uma cirurgia, uma prótese no fêmur. Faz duas semanas que está internado e não consegue uma cirurgia. Tem um senhor do lado dele, vai fazer quatro meses nesse hospital, e não resolve nada. E o que o hospital alega? Alega que falta material, falta prótese”, lamenta Nascimento.
Durante as cerca de duas horas que a equipe do RJTV esteve na porta do hospital, quase todo mundo que saiu teve alguma queixa a fazer. Nesta segunda-feira (10), eles disseram que está sem médico e há atendimento. A equipe pediu para entrar no hospital para verificar a situação, mas a segurança não autorizou.
Segundo Tábata Martins, nos fins de semana a situação é pior: “Meu pai está dependendo da hemodiálise. Está com acesso no pescoço. Está descolando e não tem esparadrapo no hospital. E acabei de vir do posto de enfermagem para pedir esparadrapo e não tem”, reclamou.
No ano passado, o Fundo Nacional de Saúde, do governo federal, repassou pouco mais de R$ 240 milhões para a saúde de Nova Iguaçu. Este ano o repasse já passou dos R$ 130 milhões.
O Hospital Geral de Nova Iguaçu é um dos maiores da Baixada Fluminense. No site, eles informam que a unidade conta com 360 leitos cadastrados. Mas não dizem se os que ficam no corredor entram nesse cálculo. Eles informam ainda que atendem uma média de 10 mil pacientes por mês.
E para quem aguarda esse atendimento, não dá mais para esperar sentado.
“É uma negligência muito grande, meu pai está com aneurisma, sangramento no cérebro. Coágulo voltou. O descaso é muito grande. Pouquíssimos médicos, quando dá 2h30, 3h da manhã os médicos desaparecem todos. Todos vão dormir: médicos, enfermeiras. O hospital fica jogado ao Deus dará”, observa a professora Rosana Oliveira.
O Hospital Geral de Nova Iguaçu admitiu que enfrenta problemas graves de superlotação. A greve no Into aumentou o problema, mas a direção disse que nenhum paciente deixa de receber atendimento. Segundo o hospital, não faltam médicos e nesse fim de semana havia 40 médicos no plantão.
Sobre a limpeza, a direção diz que ela é feita por uma empresa terceirizada, e vai cobrar mais rigor para que situações como as mostradas na reportagem não se repitam.
Via G1
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