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Pedida CPI para investigar ligação de coordenador do Afroreggae com 'Playboy'
O deputado estadual Paulo Ramos (Psol) protocolou, nesta terça-feira, um pedido de CPI, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), para investigar o papel do coordenador do Afroreggae, José Júnior, nas negociações para a rendição do traficante Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, traficante mais procurado do Rio. O deputado quer, através da Comissão, apurar qual a real função de Júnior na política de Segurança Pública do Estado.
O coordenador do AfroReggae, José Júnior, confirmou no domingo a participação nas negociações para uma possível rendição do traficante Celso Pinheiro Pimenta, o 'Playboy', no Morro da Pedreira, em Costa Barros, Zona Norte carioca. Em sua página no Facebook, o ativista postou uma foto com 'Playboy' e admitiu que intermediou a entrevista que o bandido mais procurado do país concedeu ao jornalista Leslie Leitão, da revista ‘Veja’.
"Temos que verificar a cumplicidade, a conivência, o trânsito que tem o senhor José Júnior em várias esferas administrativas e investigar a ONG Afroreggae, pelos contatos sem licitação, que me leva à certeza de tratar-se de desvio de recursos públicos e, no mínimo asssociação confessa ao tráfico do senhor José Júnior", disse Ramos.
"Por que ele (José Júnior) só publicou a foto (com Playboy) no domingo, depois de toda a repercussão? Por que não disse antes que foi ele o intermediador da entrevista? O que ele tem a esconder? Ele está autorizado pelas autoridades a negociar rendição de traficante ?", indagou o psolista.
O deputado também quer saber sobre o que o coordenador do Afroreggae se referia quando citou no Facebook que havia feito contato com o Ministério Público e um delegado de polícia para tratar do caso 'Playboy'. "Eu vou pedir uma audiência com o Marfan Vieira (procurador-geral do MP) e com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. É grave essa informação passada por ele e precisa ser investigada".
O coordenador do Afroreggae foi procurado pela reportagem do
DIA Online, mas não foi encontrado para responder as acusações do deputado.
Após a resposta, Júnior foi bombardeado por indagações questionando o motivo de o Ministério Público e um delegado de polícia saberem do encontro e ainda assim não haver a prisão de Playboy. "Pois é como foi intermediado e o cara é o mais procurado e nao houve prisão? Nao há interesse?", escreveu uma seguidora do líder do Afroreggae.
"Já que MP e delegado estão envolvidos, as autoridades estão cientes onde ele está e nao há interesse em pegá-lo!!!! Nós como cidadãos de bem sofremos com isso todo dia bala perdida assaltos...", escreveu outra seguidora. O coordenador da ONG não voltou à rede social para esclarecer as dúvidas.
O DIA Online procurou José Júnior para esclarecer o que seria a negociação, mas ele se negou a falar com a reportagem. No início da tarde de segunda-feira, o Ministério Público negou as declarações do coordenador do AfroReggae de que tinha conhecimento do encontro dele com o traficante Playboy.
Deputado também quer investigar contratos sem licitação do Afroreggae com Prefeitura
Paulo Ramos também quer investigar os contratos sem licitação da ONG com a prefeitura. Em reportagem publicada pelo DIA , mostrou que o AfroReggae conseguiu com a prefeitura do Rio, desde 2010, sem precisar participar de licitação, contratos que somam cerca de R$ 9,5 milhões. O motivo do grupo ser dispensado das concorrências públicas é um mistério que nem o próprio AfroReggae ou o município conseguem explicar.
"Eu já encontrei quatro CNPJs do Afroreggae. O que é isso? Uma franquia? Não dá para entender uma coisa dessa", disse Ramos.
Para a Secretaria municipal de Cultura, que celebrou alguns dos convênios, a organização possui uma “metodologia específica” no trabalho com jovens de comunidades. Perguntada sobre o que seria essa ‘metodologia’ diferenciada, integrantes da secretaria sugeriram que a reportagem entrasse em contato com a ONG para esclarecimentos. A organização, que atua em favelas como Vigário Geral, Parada de Lucas e Complexo do Alemão foi procurada, mas preferiu não se pronunciar.
Na Secretaria Municipal da Casa Civil, o AfroReggae conseguiu quatro convênios — também sem licitação —, entre os anos de 2010 e 2014. Os gastos com esses contratos totalizam cerca de R$ 2,7 milhões. O dinheiro foi repassado, segundo a assessoria da pasta, para dar apoio operacional à realização de atividades no Centro Cultural Waly Salomão, em Vigário Geral. E o argumento para que o grupo ganhasse a preferência em detrimento a outras ONGs é que o AfroReggae é o única com tal expertise no local.
por: Felipe Martins
via: O dia
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