Segundo Kawaoka — que realizou os trabalhos em um laboratório classificado com um modesto “nível 2” de biossegurança —, a nova cepa foi desenvolvida durante uma pesquisa na qual o cientista pretendia converter o H1N1 até seu estado pré-pandêmico. A intenção era analisar e monitorar as mutações sofridas pelo vírus e, então, depois de entender os processos genéticos envolvidos, trabalhar na criação de melhores vacinas.
Cientista maluco?
O pesquisador foi selecionando mutações específicas do H1H1 capazes de escapar da ação neutralizadora dos anticorpos do sistema imunológico, repetindo esse processo até conseguir criar um vírus contra o qual os seres humanos são completamente indefesos. Atualmente, a maioria das pessoas desenvolveu certo grau de imunidade contra o H1N1, o terrível agente que provocou a morte de milhares de doentes em 2009.Isso significa que hoje a gripe provocada pelo H1N1 já pode ser tratada como uma doença menos perigosa. No entanto, apesar de o objetivo da pesquisa ser o desenvolvimento de melhores vacinas, depois da divulgação da notícia sobre e estudo realizado por Kawaoka, alguns cientistas conscientes das suas implicações estão aterrorizados.
Segundo o The Independent, a preocupação está no fato de Kawaoka ter recebido permissão para remover a única defesa que temos contra um vírus que já demonstrou sua capacidade de provocar pandemias mortais. Os detalhes sobre a pesquisa ainda não foram divulgados, mas o cientista informou que os estudos já foram finalizados e estão prontos para serem enviados para aprovação e posterior publicação em um periódico científico.
Brincando com o perigo
Aliás, esta não é a primeira vez que Kawaoka choca a comunidade científica com seus estudos. Em trabalhos anteriores, o pesquisador tentou recriar o vírus de 1918 que provocou a Gripe Espanhola — que infectou meio bilhão de pessoas e matou um número estimado entre 50 e 100 milhões — e trabalhou em um projeto para aumentar a transmissibilidade de uma cepa altamente mortal da gripe aviária.Desta vez, Kawaoka basicamente utilizou um vírus capaz de provocar pandemias e o tornou resistente a qualquer tipo de vacina. Portanto, se os trabalhos anteriores do cientista eram perigosos, a pesquisa atual vem sendo considerada pela comunidade científica como maluca. Isso sem falar que o estudo foi conduzido em um laboratório cujo nível de biossegurança não é o mais alto.
A Universidade de Wisconsin-Madison garantiu que o risco de que o vírus escape acidentalmente é extremamente baixo, mas integrantes do comitê de biossegurança da instituição já demonstraram preocupação, visto que, quando a pesquisa de Kawaoka foi aprovada, os membros supostamente não teriam sido informados sobre alguns detalhes importantes do estudo.
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