Salvar Cunha exigirá o sacrifício da inteligência
Tudo Mais

Salvar Cunha exigirá o sacrifício da inteligência


Ser cego e surdo não é mais o bastante. Eduardo Cunha pede aos brasileiros que sejam também imbecis. Já estava combinado que não se deve dar ouvidos aos delatores da Lava Jato nem enxergar ao pé da letra os documentos vindos da Suíça. Sob pena de o presidente da Câmara, injustiçado, tocar fogo no país. Agora, Cunha espera que todos percebam que tudo o que está na cara não é o que parece. E ensina aos cretinos que não convém arriscar a estabilidade política do país por coisas tão relativas e politicamente supérfluas como a lógica e a verdade.
Em março, Cunha disse na CPI da Petrobras que não tinha contas bancárias no exterior. Passam uns meses e a plateia ficou sabendo que o deputado tinha não uma, mas quatro contas secretas na Suíça. Desmente daqui, desconversa dali surgem os documentos. Na sequência, o silêncio. E, de repente, Cunha esclarece que não é o titular das contas, apenas o beneficiário. Na verdade, nem existem contas. O que há são empresas batizadas de “trusts” (pode me chamar de lavanderia), que Cunha diz ter contratado para gerir seu dinheiro no estrangeiro.
No fim das contas, dá na mesma: autoconvertido numa espécie de neo-Maluf, Cunha escondeu milhões numa casa bancária da Suíça. Porém, desobrigado de fazer sentido, o deputado jura que não mentiu à CPI. Ele apenas foi mal interrogado. Se tivessem lhe perguntado sobre as “trusts”, teria respondido que, sim, elas existem. E estão conectadas a uma conta vinculada ao cartão de crédito de madame Cunha, que tem como dependente a filha do casal.
E quanto à origem dos milhões entesourados na Suíça? Bem, aí mesmo é que as coisas ficam claras como a gema. Nada a ver com os US$ 5 milhões que os delatores Júlio Camargo e Fernando Baiano dizem ter desviado de um contrato de fornecimento de navios-sonda à Petrobras. Cunha conta que, nos idos da década de 1980, aventurou-se no ramo alimentício.
Nessa época, Cunha dedicava-se a comprar e revender comida. Atuando como, digamos, atravessador, obteve lucros extraordinários vendendo carne enlatada para países africanos, sobretudo a República Democrática do Congo (antigo Zaire). Multiplicou seu patrimônio aplicando os lucros no mercado financeiro. Quem eram os fornecedores? Cunha não diz. Como se chamavam os compradores? Cunha não informa. Quanto faturou? Cunha fornece cifras aproximadas: entre US$ 2 milhões e US$ 2,5 milhões.
Em 2011, o lobista João Augusto Henriques borrifou numa das contas suíças de Cunha uma petropropina de US$ 1,3 milhão. Convertido em delator premiado da Lava Jato, o depositante contou que agiu a mando de Felipe Diniz, filho do ex-deputado federal Fernando Diniz, que morrera dois anos antes, em 2009. O morto era coordenador da bancada do PMDB de Minas Gerais. Mandava e, sobretudo, desmandava na diretoria Internacional da Petrobras.
Em torno desse depósito, Cunha construiu uma fábula edificante. Desapegado das coisas materiais, o presidente da Câmara sustenta que não notou a chegada do dinheiro. Só no ano seguinte, 2012, alertado pela instituição financeira, foi saber do que se tratava. Até hoje não tem absoluta certeza. Mas imagina tratar-se do pagamento de um empréstimo que fizera ao correligionário Fernando Diniz, provavelmente no ano de 2005.
Cunha não dispõe de cópia do contrato de empréstimo. Pior: não se lembra nem se chegou a assinar um contrato. Quer dizer: o filho do morto pagou por um empréstimo informal, que o credor não estava cobrando. O barulhinho que você ouve ao fundo é o ruído do cadáver do amigo Fernando Diniz se revirando de felicidade no túmulo.
A plateia aprendeu duas lições: a bondade e a lealdade do ser humano são mesmo inesgotáveis. E o patriotismo de Eduardo Cunha é enternecedor. Tendo se revelado um fabuloso vendedor de carne enlatada, abandonou a perspectiva de tornar-se um concorrente do Friboi para servir ao país como homem público. Hoje, faz à Câmara o favor de presidí-la. E tudo o que pede em troca é o sacrifício da inteligência coletiva. Não é, afinal, um pedido descabido. Para uma nação habituada ao papel de boba, fingir que nada aconteceu não será nenhum sacrifício. Uma pantomima a mais, uma pantomima a menos…
via: josiasdesouza uol




- Receita Mostra Aumento De R$ 1,8 Mi Em Bens Da Família Cunha Sem Justificativa
O patrimônio da família Cunha teve um aumento de R$ 1,8 milhão entre 2011 e 2014, valor considerado incompatível com o rendimento do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e seus familiares, segundo a Receita Federal. Um...

- Cunha Diz Que Picciani Terá Que Esperar Até 2017 Para Ocupar Seu Lugar
Reportagem do jornal O Globo informa que pai do deputado ampliou o debate sobre a sucessão à presidência da Câmara em encontro com a presidente Dilma Rousseff BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), respondeu às  articulações...

- Fausto Pinato Será Relator De Cassação De Eduardo Cunha
Foto: reproduçãoO deputado e advogado Fausto Pinato (PRB-SP) foi confirmado nesta quinta-feira 5 como relator, no Conselho de Ética da Câmara, do processo que pede a cassação do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por quebra de decoro...

- Suíça Envia Para O Brasil Apuração Sobre Conta De Eduardo Cunha
O Ministério Público da Suíça enviou ao Brasil, nesta quarta-feira (30), os autos da investigação sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, informou...

- Deputados Do Pmdb Promovem Churrasco De Apoio A Eduardo Cunha
POLÍTICA - Ontem, colegas deputados do PMDB realizaram churrasco para demonstrar apoio ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de receber US$ 5 milhões de propina no esquema de corrupção...



Tudo Mais








.