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Se divertir com pouco dinheiro no bolso
Marque na agenda para não esquecer. Rodas de samba se espalham pela Região Metropolitana do Rio reunindo música, comida e prometendo relaxamento total. A matéria é do jornal O Dia.
O ritmo quente de rodas como o Samba do Trabalhador (Andaraí), Tia Doca (Madureira), Pedra do Sal (Centro) e Cacique de Ramos não contagia somente os frequentadores. Inspiradas no sucesso dessas batucadas que viraram referência e atraem multidões a cada semana, várias novas opções estão surgindo. São rodas de samba animadas por músicos de qualidade, que estão redesenhando o mapa musical do Rio. Em toda a região metropolitana há alternativas e o sambista não precisa mais ir para muito longe de casa ou pagar ingresso caro para ouvir um bom pagode.
Uma dessas novas rodas é o Mafuá no Quintal, realizada em uma casa, no bairro da Abolição. Ali, no segundo sábado do mês, sob uma lona colorida, mesmo quem chega pela primeira vez é recebido como se fosse um velho conhecido. “O Mafuá é, antes de tudo, uma reunião de amigos”, define o percussionista e cantor Álvaro Santos, que participa do grupo com a mulher, a também cantora Simone. “Estamos vivendo um momento de renovação, com músicos aparecendo, cantores se revelando e rodas tentando fincar o pé na história”, diz ele, que toca às segundas no Samba do Trabalhador..
Bambas se reúnem por vários cantos do Rio de Janeiro
Roteirinho imperdível
1. O sambista Nei Lopes participou da feijoada promovida pela Associação Meritiense de Compositores.
2. No segundo sábado de cada mês, um grande público vai ao Mafuá no Quintal, na Abolição, ouvir artistas como Álvaro Costa.
3. Em Bangu, o Samba da Cabeça Branca mantém a tradição e privilegia o repertório dos grandes compositores. Jorge Aragão, Diogo Nogueira, Almir Guineto e outros craques do samba já foram atração no Quintal do B9, em Nova Iguaçu.
Essa é apenas uma das várias opções na Zona Norte. No Grajaú, o Samba do Engenho Velho já tem público cativo; na Tijuca há o Pagode do Biro e, na Mangueira, o Batuque do Zé, entre outras. A região, que sempre guardou a tradição do samba, agora está mais bem servida. Outro berço de vários sambistas de valor, a Zona Oeste passou anos carente de boas opções. “Antes, a gente tinha que se despencar daqui para a Zona Norte. Agora, temos pelo menos umas 10 rodas de samba de respeito por aqui”, conta Renata Nerys, moradora de Bangu. Foi por isso que ela se associou a Paulo Henrique Mocidade e criou há pouco mais de dois anos o Samba da Cabeça Branca, no seu bairro. “Trazemos as músicas tradicionais, aquele som que os mais velhos nos ensinaram. Daí veio o nome da nossa roda”, conta Renata. “Pensamos: o que tem de Candeia ou de Aniceto que a gente nunca ouviu? Vamos ouvir e vamos tocar”, explica ela, referindo-se aos grandes sambistas do passado.
Cara do Rio mais carioca
Hoje, Renata sabe de pelo menos 10 rodas excelentes na região. Uma delas é o Terreiro de Crioulo, que mensalmente anima a Rua do Imperador, em Realengo. Ali todos tocam e cantam num quintal de terra batida, sob os olhares de personalidades estampadas em cartazes na parede que simbolizam a resistência negra. Gente como o ativista americano Malcolm X ou o ator Grande Otelo.
Para o pesquisador Fabio Fabato, as rodas passam por movimento parecido com o que aconteceu com os blocos de rua. “O Rio se reencontra com a sua vocação. É um jeito de ver um show de excelente qualidade a preços baratos”, observa.
Embalado por essa fase de valorização, o samba se instalou em locais improváveis. Até mesmo na recém-reformada Praça da Bandeira, no Centro, uma ilha de cimento cercada de asfalto por todos os lados. Nesse limitado território existe agora uma roda comandada pelo cantor e compositor Toninho Geraes, que quinzenalmente atrai centenas de pessoas. Também acontece ao ar livre a reunião mensal de sambistas em outra região da cidade: a feira dominical do bairro da Glória, na Zona Sul.
Região Metropolitana marca presença
O fenômeno da multiplicação das rodas não beneficia somente os cariocas. Os municípios da Baixada Fluminense também têm ótimas programações. Uma das principais fica em São João de Meriti, mais precisamente em Vilar dos Teles, onde a Associação Meritiense de Compositores (AMC) mantém uma escola de música que já formou centenas de novos talentos. Naquele quintal, à sombra das árvores, são produzidos eventos mensais, acompanhados de feijoada, por onde já passaram mestres como Nei Lopes, Wilson Moreira, Monarco, Walter Alfaiate e muitos outros.
Em Nova Iguaçu, faz sucesso o Quintal do B9, roda batizada com o apelido de seu realizador, Bruno de Paula Souza. “Não toco nenhum instrumento e não canto. Sou simplesmente um apaixonado pelo samba de raiz”, explica ele. Foi anfitrião de convidados de peso. A lista tem Jorge Aragão, Diogo Nogueira e Almir Guineto.
Centenas de pessoas em Niterói também costumam bater na palma da mão ao som dos violões e tamborins. A Toca da Gambá e o Candongueiro são bons exemplos de espaços onde os niteroienses sabem que encontrarão samba de boa qualidade. E assim, o samba renova o papel que vem cumprindo há décadas: torna mais democrática a cultura em todos os cantos do Rio.
Saiba onde curtir o seu pagode:
ZONA NORTE
MAFUÁ NO QUINTAL
Rua Guilhermina, 77, Abolição - Todo segundo sábado do mês, às18h
BATUQUE DO ZÉ
Rua Visconde de Niterói, 1296, Mangueira - Todo o segundo domingo do mês, às 16h
SAMBA DO ENGENHO VELHO
Praça Nobel, Grajaú - Todo primeiro sábado do mês, às 15h
PAGODE DO BIRO
Sindicato dos Fumageiros, Rua Haddock Lobo, 239, Tijuca - Quinzenalmente, às sextas-feiras, às 20h
ZONA OESTE
TERREIRO DE CRIOULO
Rua do Imperador, 1075, Realengo - Todo primeiro sábado do mês, às 16h
SAMBA DA CABEÇA BRANCA
Rua Istambul, s/n, Bangu (Botequim Quintal do Produto) - Toda segunda sexta-feira do mês, a partir de 22h30m
BAIXADA
RODA DE FEIJÃO
Associação Meritiense de Compositores, Rua Duque de Caxias, 536, Praça da Bandeira, Vilar dos Teles, São João de Meriti - Uma vez por mês
QUINTAL DO B9
Av. Tancredo Neves, 4460,
Nova Iguaçu - Uma vez por mês
SAMBA DAS CABELEIREIRAS
Embaixo da Biblioteca Municipal Leonel Brizola, Praça do Pacificador, ao lado da estação de Duque de Caxias -
Toda primeira segunda-feira do mês, 16h
CENTRO
BANDEIRA DO SAMBA
Praça da Bandeira, s/n -
Quinzenalmente, 16h
ZONA SUL
SAMBA DA FEIRA DA GLÓRIA
Rua do Russell, Glória - Todo segundo domingo do mês, às 12h
NITERÓI
SAMBA DO CHAPÉU
Toca da Gambá, Rua Carlos Gomes, 23 - Uma vez por mês
FEIJOADA DO CANDONGUEIRO
Estrada de Maricá, 1554, Pendotiba - Todo segundo domingo do mês
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