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Sentimentos Falsos - texto do fanzine Pençá, nº 5
Casa por cima de casa, becos, escadas, passagens pra todo lado. Nas partes mais inclinadas, uma floresta de vigas de concreto lembra árvores, com a folhagem de tijolos. Lages, casas, puxadinhos, quartos, degraus irregulares entre calçadas e valas. Aqui nunca veio um engenheiro, foi tudo feito e construído por operários, peões, gente pobre de todos os tipos que constrói por conta própria. O peão não depende do engenheiro pra fazer sua casa. Já o engenheiro não constrói sem o peão, sem o operário. Depende dos "menos qualificados". Mas ele se sente superior, enquanto o peão se sente inferior. Sentimentos fabricados, artificiais, sem razão real de ser. ("Não há saber mais ou saber menos; há saberes diferentes" - Paulo Freire)
Tudo o que se come é plantado e cuidado por mãos pobres. Colhem, trazem, preparam. Mãos pobres costuram tudo o que se veste, fazem os sapatos, as calçadas, põem o asfalto nas ruas, constróem tudo o que se vê, casas, hospitais, escolas, clubes, mansões, parques, praças, barracos,... Mãos pobres põem a sociedade pra funcionar, ligam as máquinas, limpam, preparam, carregam. São mãos pobres que buscam doentes e feridos pra serem atendidos e cuidados em primeiro lugar por mãos pobres. Elas enterram os mortos. Os pobres são a base de toda a sociedade. Sem eles, nada funciona.
Apesar disso, o mais pobre é levado a se sentir inferior. E o rico, que depende de pobre pra tudo, se sente superior. Sentimentos falsos, implantados pela mídia, pela cultura do consumo, pra que a gente se submeta conformada a uma vida massacrante, à exploração, sem perceber sua importância na estrutura social, acreditando valer pouco ou nada. Impotência planejada.
O medo dos poucos "de cima" é os muitos "de baixo" começarem a pensar por conta própria e verem, com olhos próprios, a realidade além do que é mostrado. A estrutura social, pra se manter como está, precisa de ignorância e desinformação, de miséria e abandono - pra que se aceite, por medo, a exploração e a vida sem sentido, ou com o sentido vazio do consumo. Precisa do medo que paralisa, dos entretenimentos que ocupam o tempo e o pensamento e dos desejos de consumo que desviam a atenção.
A união, a cooperação e a consciência das populações é o pesadelo das elites e a libertação dos povos.
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